by Dirk Gillabel
Transcrição para o português por Silvio Tesla.
Os Gnósticos, muito tolerantes em suas crenças, não criaram uma
instituição religiosa dominante, e favoreceram a experiência mística. O
que mais atrai nos ensinamentos Gnósticos é que respondem a muitas
perguntas sobre a vida. Assim vamos considerar o que os Gnósticos
tem a oferecer. Como os muitos grupos Gnósticos estavam próximos,
com muitas visões semelhantes, mas diferentes, consideraremos aqui um
resumo. Se você quiser saber mais poderá encontrar literatura que
explica os diferentes gnosticismos.
Nascimento de uma Idade Nova O
ano de 1945 teve um momento decisivo em nossa história. O fim da Segunda
Guerra Mundial nos fez refletir no que homem é capaz de fazer a si
próprio. O ano 1945 teve também outro momento decisivo. Em dezembro
daquele ano foi feita uma descoberta que faria o homem refletir em si
mesmo. Em uma região montanhosa perto de Nag Hammadi, Egito, um
fazendeiro descobriu sem querer um jarro grande que contém treze volumes
de um livro que contém 52 textos. Eles eram escritos cópticos feitos por
gnósticos, e escondidos por aproximadamente 1600 anos atrás. Era uma
descoberta de imenso valor, porque antes de 1945 só sabíamos de
Gnosticismo por meio de seus precursores. Depois de 1600 anos podemos
ouvir finalmente o que os gnósticos tinham a dizer. O que nós
chamamos agora de gnósticos é uma coleção de muitas seitas, comunidades
e grupos que viveram no começo da era cristã. Eles refletiram uma
mudança na consciência de gênero humano com uma visão nova do homem e do
Divino. Originalmente só alguns grupos usaram o termo Gnóstico, mas os
historiadores começaram a usar este termo para mais grupos que
apresentaram sistemas de crenças semelhantes. Antes do começo da era
cristã já havia um sistema Gnóstico de origem helenística e judaica. O
Gnosticismo se tornou mais definido quando, no 2º século d.C., uma
distinção clara aconteceu entre Gnósticos e cristãos ortodoxos. Os
cristãos ortodoxos começaram a perseguir o Gnósticos porque as escolas
Gnósticas foram vistas como um deleite para a Igreja. A diferença
fundamental dos Gnósticos nos seus ensinos está como eles viam o deus do
Velho Testamento, e em quem estava o Cristo. Os Gnósticos viam o deus do
Velho Testamento como um ser mau que dominava e domina o homem. Ele é um
criador-deus que rege com leis, distribuindo recompensas ou castigos.
Ele não é o deus sobre o qual Jesus fala. Jesus fala sobre um Deus mais
alto cheio de Amor e Perdão. Os cristãos ortodoxos ainda estavam se
agarrando na idéia que o criador-deus também é um Pai amoroso, o que não
é o caso quando se lê o Velho Testamento. O Gnóstico fez uma distinção
clara entre o deus do Velho Testamento e o Deus do Novo Testamento. O
criador-deus do Velho Testamento é um deus íntegro; ele recompensa ou
castiga se o homem obedece ou ofende as leis. Ele não sabe amar, e o
Velho Testamento demonstra claramente que ele é freqüentemente um deus
cruel. Ele é um deus menor e não é perfeito, porque a criação dele é um
fracasso. Ele teve que expulsar o homem original do Jardim de Éden.
Todos de sua descendência é envolvida em violência e matança, e o
deus-criador precisa erradicar a criação dele por um dilúvio, etc. Ao
redor do começo da era estava acontecendo uma mudança. Muitos grupos
estavam sentindo uma mudança no ar, algo novo estava vindo, algo que
iniciava uma mudança grande. Alguns grupos deram início a escolas de
iniciações aos mistérios, outras pessoas começaram a orar e ter novas
visões da vida, e ainda outros estavam esperando a chegada de um Messias,
um mensageiro que anunciaria uma idade nova. Os Essênios estavam se
preparando para receber este ser espiritual para eles. Então, no momento
de discussões religiosas aquecidas chegou Jesus. Ele falou sobre a
existência de um Deus há tempos esquecido. Um deus que é Deus ilimitado,
incompreensível, amoroso de quem nós somos todas suas crianças. O
criador-deus, agora chamado de Demiurgo, foi visto como mais um baixo
ser que tentou segurar o homem na escuridão. Jesus ensinou como nós
podemos retroceder e entrar no Reino original sobre os céus do Demiurgo.
Os Gnósticos incorporaram os ensinos de Jesus nos seus próprios
ensinamentos. Alguns deles quase não foram influenciados por ele, outros
assumiram os ensinamentos de Jesus na sua totalidade. Eles reivindicaram
conhecer os "ensinos secretos" de Jesus Cristo, sobre o qual foi
transmitida uma parte oralmente. Os quatro evangelhos da igreja ortodoxa
não eram os únicos em existência. Havia muitos mais evangelhos e outros
textos, mas a igreja ortodoxa os destruiu todos, com exceção de quatro
evangelhos e textos, incluindo os que possuíam estes documentos. Como
havia muitos grupos Gnósticos, as opiniões e ensinos eram diversos e às
vezes aparentemente contraditórios. Para o Gnóstico isto não era o mais
importante, pois a Verdade tem muitas facetas. Os Gnósticos encorajavam
uns aos outros para desenvolverem suas próprias idéias. Eles
consideraram seus ensinos, e também os de outras religiões, como sendo
apenas aproximações da Verdade. Isso por que os Gnósticos foram
influenciados fortemente por outras tradições como a dos judeus, dos
persas, dos babilônicos, dos egípcios e dos gregos. Os Essênios tiveram
interesses especiais e particulares nos textos de outras tradições,
especialmente nesses que tratavam do bem-estar da alma e corpo. Eles
também usaram remédios de ervas e pedras para tratar doença. Eles
ensinaram a importância de se saber os nomes dos espíritos que causavam
doença, e as essências curativas das plantas. Nas suas Escrituras nós
encontramos aquele Jesus que sabia muitos nomes e encantamentos de magia,
para dispersar demônios que foram vistos como uma obstrução para a alma
em seu caminho para a Luz. O Gnosticismo combinou muitos elementos
de misticismo para magia. Não há nenhuma estrutura uniforme que nós
podemos chamar de Gnosticismo. Gnosticismo é mais um estado de
consciência que se expressou de modos diferentes em grupos diferentes.
Porém algumas características gerais a mostram. Muitas pessoas
pensaram que os Gnósticos eram hereges e os perseguiam, sendo mortos
pelos cristãos ortodoxos no inicio. Os Gnósticos eram hereges ou
pecadores. Havia muitos grupos de Gnósticos com muitas filosofias ou
visões de vida. Entre eles estavam grupos judeus e cristãos, e a
distinção às vezes não fica clara, porque eles pediam emprestadas
freqüentemente idéias uns aos outros, e de outras religiões. Os
manuscritos que foram achados em Nag Hammadi foram colecionados por
cristãos, e muita das composições estava composta por autores cristãos.
Os grupos cristãos ortodoxos se apegaram às convicções Cristãs
tradicionais e ficaram intolerante com outros grupos Gnósticos. Os
cristãos ortodoxos se organizaram e estabeleceram uma Igreja que excluía
os Gnósticos. Quando o Império romano escolheu a Igreja Cristã como
a religião estatal, o destino do Gnósticos foi lacrado. Os cristãos
ortodoxos eram muito intolerantes, e às vezes muito cruéis. Eles não só
queimaram os livros Gnósticos, mas também o próprio Gnóstico, homens,
mulheres e crianças, às vezes em centenas (uma característica que a
Igreja católica manteve em andamento durante os muitos séculos seguintes).
Todos os textos achados em Nag Hammadi foram traduzidos e colocados
disponíveis em formato de livro. É recomendado especialmente o Evangelho
de Tomé, que é uma coleção de declarações tradicionais, profecias,
provérbios, e parábolas de Jesus com meia-vozes místicas. "A Mente
Perfeita" também, é um texto curto. Contém declarações paradoxais que
são Zen - como em natureza. Não tem nenhum tema judeu, cristão ou
gnóstico, mas permite ao leitor transcender crenças e convicções para
experimentar a mente divina que transcende a compreensão humana. Há
um par de outros escritos Gnósticos no mercado fora dos textos de Nag
Hammadi. O Evangelho dos Doze Santos são semelhantes aos evangelhos
Cristãos, onde Jesus tem repetido conversas sobre a importância de
comida vegetariana e fala contra a crueldade aos animais. O Evangelho
dos Doze Santos foram mantidos, supostamente um século atrás, por monges
budistas durante muitos séculos até que foi entregue a um ocidental.
O Evangelho Essenio da Paz foi achado nos arquivos secretos do Vaticano
e agora está disponível. É um texto agradável que dá muito conselho para
viver uma vida saudável e espiritual. O "Pistis Sophia" é um texto
Gnóstico volumoso distribuído nos círculos Rosacruzes. É altamente
esotérico e difícil de se ler, mas de muito valor para o investigador
esotérico. Gnosis
Gnosis é uma palavra grega que significa Conhecimento.É usada em relação
ao Divino, e aponta o conhecimento sobre o Divino. No senso filosófico,
Gnosis é o conhecimento de um Deus que existe "fora da criação" e é
tríplice, com todas suas ações direcionadas sobre o "tempo". Em
espiritualidade e misticismo, Gnosis quer dizer experiência da presença
do Divino dentro da alma da pessoa e dentro da criação. Em essência, a
experiência do Divino está além de nosso idioma e conceitos. Nós podemos
falar sobre isto, mas sempre permanecerá como que aproximações do que
não pode ser expresso. A
Igualdade de Todas as Pessoas Os Gnósticos tiveram um
sistema que fazia qualquer hierarquia impossível. Quando eles se
juntavam faziam primeiro uma distribuição de tarefas no grupo. Ele ou
ela que conduzia um grupo se tornava o "padre" para aquele grupo, outro
grupo nomearia a pessoa como "bispo" para dar os sacramentos, outro
grupo faria leitura dos textos. Muitos também poderiam fazer o "profeta",
falar e ensinar sem preparação. Todo agrupamento seria precedido por
esta distribuição, assim cada função seria trocada regularmente entre as
pessoas. Em um tempo onde os cristãos ortodoxos estavam fazendo uma
maior distinção entre hierarquia clerical e leigo, os Gnósticos cristãos
deixavam claro que eles se recusaram a reconhecer qualquer distinção.
Eles não colocavam os seus pares em classes mais altas ou mais baixas em
uma hierarquia, mas aderiam estritamente ao princípio de igualdade.
Todos os participantes, homens e mulheres, faziam parte da distribuição
de tarefas em uma base igual. A distribuição também enfatizava que a
escolha humana não era importante. Eles acreditaram que, porque o Divino
rege tudo no universo, o resultado da distribuição era o resultado da
decisão do Divino. Os Gnósticos se consideravam como amigos eternos
que não conhecem animosidade ou como sendo malévolo. Eles eram as
pessoas em Gnosis. Eles viveram em uma atmosfera íntima de um "matrimônio
espiritual", uma sociedade de seres que amam uns aos outros em sabedoria.
Em contraste com seitas ortodoxas, foram permitidas para as mulheres
participar nos agrupamentos. Mulheres também poderiam ensinar, ter parte
em discussões, administrar exorcismos, prática da cura e batismo. Em
algumas seitas Gnósticas eram enfatizadas a conexão de mulheres na
sexualidade, e a sexualidade teve que ser evitada como sendo pertencente
ao reino do Demiurgo que impede a evolução da alma do homem. Em
1977, Papa Paul VI, bispo de Roma, declarou que as mulheres não podem se
tornar padres "porque o Deus é um homem". Deus como homem é uma
característica da Igreja Católica, Judaísmo e Islã. Em outras religiões
nós achamos sempre um deus masculino e um deus feminino como um par
indivisível. Eles precisam um ao outro para existir e se expressar. Em
geral os Gnósticos sabem de uma divindade suprema cuja essência é
desconhecida, mas que eles tentam descrever com suas próprias palavras.
Esta divindade pode ser descrita como uma unidade dual, de um lado o Pai
Primitivo (o Abismo, o Impronunciável,…), e ao outro lado a Mãe
Primitiva (Mãe de Tudo, o Útero, Felicidade, Silêncio,…). A Mãe recebe a
semente do Pai e produz todas as emanações da divindade em uma ordem de
pares femininos e masculinos. Os Gnósticos falam sobre a divindade
suprema como a Pai-mãe ou a Mãe-pai. Normalmente eles abreviam isto como
"o Pai", mas eles ainda mantinham a idéia da dualidade em unidade que
segue com esta palavra. Este conceito não é só teológico, também
aplica se na vida diária. O Um sempre precisa equilibrar o masculino e
feminino. Jesus disse que foi inspirado pelo Espírito, seja isto
homem ou mulher, e recebeu a bênção divina para falar.
Gnosis é Conhecimento Os
Gnósticos considerou Jesus como não só um professor espiritual, alguém
que dá revelações, mas também como um encorajador, que ensinava a buscar
gnosis em si mesmo. Não é nenhum pecado, mas sim a ignorância que traz
situações dolorosas. A indagação é explorar seu próprio ego, porque
dentro da psique o potencial é para liberação ou destruição. Conhecer a
si mesmo. Jesus aponta freqüentemente o fato que a fonte do conhecimento
está no próprio homem. Procurando este conhecimento, ou gnosis, é um
processo difícil e onde se encontra uma resistência interna. Esta
resistência contra Gnosis é o desejo para "dormir" ou ficar "bêbado".
Aparte dos ensinos de Jesus, o estudante, através do auto-conhecimento,
pode achar essas coisas que Jesus não pode lhe ensinar. Em textos
Gnósticos nós encontramos basicamente dois assuntos: 1 - distanciar a
si mesmo do mundo e seus prazeres, 2 - e a experiência interna de
Cristo. Como podemos descrever o termo "Gnosis”?. De acordo com
Theodotus, 140-160 d.C., Gnosis é "o conhecimento do que nós somos, o
que nós fomos, o lugar do qual nós viemos, o lugar no qual nós caímos, a
meta para a qual estamos nos esforçando, de qual nós fomos tirados fora,
e a natureza de nosso nascimento e de nosso renascimento”. Os
Gnósticos usaram o termo Gnosis para "conhecimento", "perspicácia",
porque Gnosis insinua um processo intuitivo de auto-conhecimento. Saber
a si mesmo pretende saber a natureza e destino do homem. "Aquele que não
se conhece, não sabe nada, mas aquele que se conhece, sabe a
profundidade de todas as coisas". (Livro de Tomé). Auto-conhecimento
para o nível mais profundo, é o conhecimento do Divino. Monoimus: "Deixe
de buscar para Deus, a criação e outras tais coisas. Busque como sendo o
local de origem. Aprenda que és o próprio, dentro de você, atraia tudo a
si mesmo e diz: "Meu Deus, meu espírito, meu pensamento, minha alma, meu
corpo". Atingir a Gnosis é apreender a verdadeira fonte do poder divino,
esta é a "profundidade" de todo o ser. Aquele que conhece esta fonte,
ganha auto-conhecimento e descobre sua origem. Descobre seu verdadeiro
Pai-Mãe". Aquele que atingiu esta Gnosis está pronto para receber o
sacramento secreto da "redenção". Antes que o candidato atingisse a
Gnosis, ele apresentava o Demiurgo ao verdadeiro Deus. Agora, pelo
sacramento da "redenção", saiu da condição de candidato que se liberou
do Demiurgo. Neste ritual ele se apresenta ao Demiurgo e declara sua
independência dele. Ele mostra que não está mais sob influência ou
regência do Demiurgo, mas que ele pertence agora ao que está sobre o
Demiurgo: "Eu sou um filho do Pai, o Pai pré-existente. Eu derivo minha
existência dEle, que é pré-existente, e eu estou voltando a meu próprio
lugar, de onde eu vim”. Uma
Imagem Geral das Idéias Gnósticas "Sobre" toda a criação
está o Pai (abreviação do Pai-mãe), a divindade da qual Jesus falou.
Toda descrição deste Ser Supremo é uma negação, porque não pode ser
expresso em nosso idioma. É chamado Incompreensível, Ilimitado,
Indivisível, a Perfeição, a Profundidade, o Abismo, e assim por diante.
Todas estas condições são apenas descrições. A divindade não pode ser
expressada em idioma humano. Desta divindade suprema as Eternidades
foram emanadas, também chamadas os Poderes ou Virtudes. "Eternidade" vem
de Gnosticismo helenístico. Eternidades são os seres divinos ou semi-divinos.
O termo Pleroma descreve o lugar onde esses seres residem. As
Eternidades podem ser vistas como características mais ou menos
personificadas do Pai, ou como protótipos divinos de homem espiritual
que é o portador de pneuma (vida, ou Espírito). Na maioria das teologias
Gnósticas as Eternidades estão em pares, macho e fêmea. Pleroma é a
residência deles/delas, também chamada de Reino de Luz, a Casa Original,
a Casa de Perfeição, os Jardins de Luz e assim por diante. Pneuma é uma
palavra para descrever uma parte de Pleroma que entrará em Escuridão
mais tarde (pense nisto como uma partícula clara divina). No Pleroma
está também o Homem Primitivo, o Adão Primitivo, o Homem (com um H
importante). Em outras teologias o Pai emana Anjos. São organizadas
ambas as Eternidades como Anjos em classes. Tudo isso acontece bem antes
da criação, e antes do a seguir. A um certo ponto algo acontece,
isso geralmente é chamado de Outono. Várias explicações existem para
este Outono: A Luz entra em contato com a Escuridão. Uma parte da Luz
é engolida pela escuridão, e por isto a Luz é feita em pedaços, em
partículas claras, chamado pneuma. Isto é chamado "mistura", enquanto "partindo".
A escuridão encapsula fortemente todas estas partículas claras. O
Homem primitivo olhou para baixo na Escuridão, ou nas Águas, e viu sua
imagem refletida. Ele ficou apaixonado com esta imagem, pela qual ele "entrou"
na Escuridão. A imagem original do Homem ficou atrás do Pleroma, mas o
reflexo adquiriu forma e foi apanhado pelas forças da Escuridão. Isto é
bem parecido com o mito de Narciso na Grécia antiga. O mais baixo (em
grau) dos seres divinos, ou Eternidades teve uma tendência para dirigir
a atenção do Homem primitivo para baixo, por curiosidade, luxúria da
vaidade, sensual, e assim por diante. Por este meio o Homem afundou na
Escuridão. Sophia (Sabedoria), o mais baixo em grau entre as
Eternidades e protótipo da sabedoria humana arbitrária, acende em desejo
para penetrar o pai para aprender sobre ele. Como isto é impossível para
ela, e até mesmo perigoso, ela é repelida por suas mais baixas emoções e
paixões, que são separadas e expelidas na Escuridão. Essas emoções e
paixões expelidas são chamadas de Achamoth, ou o mais baixo Sophia. Fora
dela o Demiurgo emanou os Arcontes (Regras). Algumas seitas
Gnósticas denominaram o Demiurgo como o Rei de Escuridão. Ele é o
criador no Velho Testamento. Porque ele é um criador imperfeito, a
criação dele também é imperfeita. A criação inteira dele é um reflexo,
uma imitação de uma imagem do Pleroma que ele pôde ver uma vez. Em sua
ignorância ele pensa que é o único deus que existe. O Demiurgo emanou
sete Arcontes, seus ajudantes, e cada um toma assento em uma esfera
divina. Estes sete céus têm uma correspondência com os sete planetas. O
Paraíso está sobre o terceiro céu. Até agora criação ainda não aconteceu.
Criação do Mundo O
Universo, em todos seus aspectos e em todas suas gradações
significativas, foi feito pelo Demiurgo, por ele e pelos seus Arcontes,
ou pelos mais baixos anjos ou arcanjos de acordo com os sistemas
gnósticos diferentes. Vamos continuar com os sistemas que falam sobre o
Demiurgo. Junto com os Arcontes ele cria o homem, com o propósito de
manter o reflexo do Reino de Luz em um mundo que ele criou. De acordo
com outras versões o Demiurgo só pode criar um ser inanimado, e a Sophia
coloca vida (pneuma) nele. O Demiurgo e os Arcontes formam um corpo de
matéria e uma alma de substância psíquica. O espírito é pneuma, também
chamada de semente pneumática, centelha, partícula, sal da terra.
Antes do Outono, a Escuridão envolveu estas partículas de Luz de tal um
modo que elas se tornaram "paralisadas". Esta é a razão por que o homem
não se lembra de sua origem divina. O Homem se esqueceu do Pleroma, sua
Casa Original. Ele desabou em um tipo de estado inconsciente; ele está
dormindo, ele está "bêbado", ele está "paralisado". O Demiurgo tenta
de tudo para manter o homem neste estado dormente de mente. Ele esconde
a existência de uma divindade mais alta do que ele. Ele encadeia
agrilhoando até mesmo mais fortemente pelos seus ajudantes, o Arcontes.
Os Arcontes fixam em cada homem, de nascença, características de alma e
forças psíquicas para que gostem das mais baixas paixões e desejos (a
fotocópia azul astrológica do nascimento). Sexualidade e prazer sensual
também são uma invenção dos Arcontes para emaranhar o homem no Mundo.
Algumas seitas Gnósticas viram o matrimônio e procriação de crianças
como uma invenção dos Arcontes, ou os mais baixos anjos, multiplicando
seus subordinados. Para o Gnóstico este mundo é como uma prisão; ele
não se sente em casa aqui. Ele é um "estranho". O Eu real dele é divino,
o espírito divino, ou centelha. Tudo neste mundo de Escuridão não
pertence a ele, não é da essência dele. Este mundo material não é a casa
dele, a real casa dele é o Reino da Luz. Como acordar do seu estado
inconsciente, sonolência, paralisia? Por Gnosis, Conhecimento. Pelo
Conhecimento da natureza das coisas, o homem se lembrará da sua origem
divina. O Conhecimento faz o homem livre voltar à sua terra de origem, o
Reino da Luz. A parte pneumática do homem está inibida. Por Conhecimento
ela pode ascender pelas sete esferas divinas (onde os Arcontes regem).
Ele conquista os Arcontes e o Demiurgo e chega na oitava esfera, a
Ogôade, onde vive Achamoth-Sophia. Ela fez da Ogôade a sua casa depois
da sua "conversão", da sua "purificação". Ela reside agora lá com todos
os seres que ascenderam a este nível, até a Conclusão do Mundo. Isto
acontecerá quando todos os elementos pneumáticos, por Conhecimento,
ficarem perfeitos e entrarem na Ogôade. Todas as partículas de Luz serão
reunidas então novamente. Então todos os álcoois entrarão no Pleroma.
O espírito não pode ascender do Outono por seu próprio poder. Ele
precisa de ajuda de um Mediador. No Gnosticismo cristão, o vêem para
entregar o Conhecimento. Os cristãos não-gnósticos conhecem um Redentor
que traz "conhecimento do caminho", o homem do caminho precisa levar
para sair deste mundo. Isto inclui preparações sacramentais e mágicas
para a ascensão futura, conhecimento dos nomes secretos e as fórmulas
secretas que ajudarão forçar o modo da pessoa pelas esferas divinas.
Todo momento diário do verdadeiro Gnóstico é dedicado a se lembrar que
ele é um ser divino. Ele reconhece seu estado presente de ser. Ele sabe
que ele está no mundo, mas não do mundo. O corpo dele e alma estão como
artigos de vestuário que lhe permitem funcionar no mundo, mas ele se
esforça na sua vida inteira para voltar ao Reino da Luz. Ele não dá
importância ao prazer sensual ou ganho material, mas se concentra na Luz
divina, ou pneuma, dentro dele.
A História de Paraíso Os
Gnósticos tiveram sua própria interpretação do que aconteceu no Paraíso.
O Homem no paraíso estava experimentando todos os prazeres de uma
existência sonhadora. O Paraíso tinha sido criado pelo Demiurgo para
manter as pessoas felizes, mas também para os manter ignorantes. Eles
tiveram acesso ao jardim inteiro e podiam comer de todas as árvores, mas
não de uma no centro: a Árvore do Bem e do Mal. O Demiurgo reivindicou
que se comessem desta árvore os faria morrer. Era uma mentira porque o
Demiurgo soube que o homem se transformaria ao comer a fruta proibida.
Então vendo a serpente, os cristãos ortodoxos a escolheram para ser
o Satanás. A pessoa tem que se lembrar que nos tempos antigos, a
serpente foi considerada amplamente como a fonte de sabedoria e
transformação. A serpente persuadiu as pessoas a comer da Árvore do Bem
e do Mal. Agora eles acordaram, e pôde realmente ver quem o Demiurgo é,
e qual é a verdadeira origem do homem. Eles viram que o Demiurgo era um
deus tirânico menor, sujeito à Luz divina, e isso também para o espírito
divino em todo ser humano. O Homem se rebelou contra o criador (o
Demiurgo), que os expulsou de Paraíso. Ao ser expulso o homem chegou
a um mundo de sofrimento, um mundo sob influência das leis cósmicas. À
entrada de Paraíso um guardião prevenido cuida do retorno para também
comer da Árvore da Vida e alcançar a imortalidade. Comendo da Árvore da
Vida é que o homem se purifica e se eleva a Ogôade, onde fica livre dos
laços mundanos, e onde ele é maior que o Demiurgo e seus ajudantes.
A serpente aqui é um símbolo de redenção. Algumas fontes Gnósticas dizem
que Sophia Prunikos (o mais baixo Sophia) enviou a serpente a Adão e
Eva. Outra fonte Gnóstica considera que a serpente foi enviada pelo
próprio Cristo. A serpente também foi vista como o "princípio pneumático"
no homem que se rebela contra as intenções do Demiurgo.
Jesus Cristo, o Professor Místico.
Os Gnósticos não viram Jesus como professor do pecado e se
entristeceram, mas do muito que é ilusão e esclarecimento. Ele não veio
aqui para nos salvar, mas nos guiar ao mundo espiritual, ou interno. Uma
vez que o estudante chegou ao esclarecimento, Jesus não é mais o seu
mestre espiritual porque ambos se tornaram o mesmo. Jesus nos ensinou
como nós mesmos podemos se tornar como ele. Como os Gnósticos viam o
mundo material como mau, eles não puderam aceitar um ser material, ou
encarnação corporal do Cristo em Jesus. Jesus foi visto como um ser
divino, e um ser divino não têm sofrimento. Assim ele não podia ter
sofrido e morrido na cruz. Jesus veio aqui para trazer Gnosis (Conhecimento)
sobre a verdadeira identidade do Mundo, do Demiurgo e sobre quem somos
realmente. Para esses Gnósticos que viram Jesus como um ser humano,
eles fizeram uma distinção entre o Jesus humano e o Cristo divino que
trabalharam durante a vida de Jesus. Neste caso Jesus era um veículo
para Cristo cumprir seu trabalho na terra. Outros Gnósticos viram Jesus
como um humano muito avançado que estava diretamente inspirado pela
divindade mais alta. Em todo caso o ser divino não poderia ter
sofrido. Cristo deixou o Jesus humano antes do sofrimento nos seus
últimos dias. Ou, outro humano, se parecendo com Jesus, assumiu como
sendo ele para cumprir um drama simbólico para os olhos de muitas
pessoas. Porque uns sendo divinos não podem sofrer, os Gnósticos olharam
para a Ressurreição de um modo totalmente diferente que o dos cristãos
ortodoxos. Para os Gnósticos existência humana é uma morte espiritual. A
vida espiritual do pneuma divino em cada ser humano foi diminuída
severamente pelo "peso" da matéria física. Ressurreição é o momento do
esclarecimento. É a revelação do que realmente existe, o que é o
espiritual ou o divino. Os Gnósticos não se interessaram tanto por fatos
históricos de Jesus, mas mais na possibilidade de conhecer o Cristo
ressuscitado no presente. Isto poderia acontecer em sonhos, em êxtase
espiritual, em visões, ou em momentos de esclarecimento.
A Via dos Essênios
Os Essênios formaram um grupo particular de Gnósticos. O modo de
vida Essênio era muito rígido e ascético. Eles acreditavam em um
dualismo forte de corpo e espírito. O espírito (pneuma) está na origem
pura, e um Essênio devia viver uma vida igualmente pura. O Espírito
divino é manifesto como uma luz brilhante. Escuridão é tudo o que
pertence à matéria, substância e impureza. Eles não consideravam o
Outono como a origem do pecado, mas como a origem de ignorância.
Ignorância que tem que ser removida procurando o Conhecimento, e viver
então por este conhecimento. Um Essênio rejeitava tudo o que conduz a
submissão ao material. Os Essênios formavam uma comunidade muito fechada
onde havia uma divisão completa de bens e propriedade. Eles viviam de
agricultura, e não possuíam escravos. Era uma comunidade mística e
mantiveram o segredo de iniciações distante de estranhos. Eles
acreditaram na ressurreição do Cristo dentro da alma da pessoa e
eventualmente a unificação com o Logos (o Divino Supremo). O que nós
sabemos dos Gnósticos vem dos poucos textos antigos que sobreviveram o
teste do tempo. Os textos de Nag Hammadi eram uma fonte importante de
material. Queremos aproveitar a oportunidade para chamar sua atenção
para um livro maravilhoso que explica a vida dos Essênios que era uma
das seitas Gnósticas, e como eles viram o Jesus Cristo. O nome do livro
é "A Vida dos Essênios", escrito por Anne e Daniel Meurois-Givaudan.
Ambos moram na França, mas o livro foi traduzido para o inglês e foi
colocado disponível por Livros do Destino, Rochester, Vermont. A
fonte deles não é convencional. Ambos podem ter tido experiências fora-do-corpo
e viajado nos mundos espirituais com ajuda dos seus guias espirituais. O
primeiro livro deles (não disponível em inglês) é uma anotação das suas
experiências nestes mundos espirituais. O segundo livro, A Vida dos
Essênios, é o resultado do reviver a vidas de duas pessoas durante o
período de Jesus, Simon e Myriam. Simon e Myriam entraram em contato com
Jesus várias vezes durante o tempo de suas vidas. Ambos os membros dos
Essênios e foram iniciados em um círculo interno de pessoas espirituais.
Existem vários livros sobre os anos perdidos "de Jesus", quais foi
obtido por métodos espirituais, mas A Vida dos Essênios os superam em
tudo. O livro é uma riqueza de informação sobre os Essênios, mas também
sobre os ensinos internos que só foram passados oralmente. É convicção
que os autores são verdadeiros no que eles escreveram e o que eles
experimentaram. Recomendamos este livro verdadeiramente para qualquer um
aberto a exploração da vida e idéias dos Gnósticos. Vamos dar uma
citação do livro com respeito à identidade de Jesus Cristo, que pensamos
vale ser mencionando aqui, Jesus Cristo, o Professor Místico. (Texto
entre parênteses é do autor deste texto). Manethon, um alto iniciado
está explicando o que é Jesus: "… O estado mais Alto de sublimação (na
iniciação de Jesus) foi atingido, como eu lhe falei, no coração da
Grande Pirâmide na marca precisa onde todas as energias podem ser
focalizadas em um único ponto que une a semente-átomo de um ser (pneuma)
com o Espírito daquela criação. Assim o Espírito de Cristo penetrou em
Jesus. Isto não poderia ter estado em outro lugar nem caso contrário
realizado; assim tinha sido planejado a chegada do Melchizedech desde
então nesta Terra. Ainda, um deles teve que ser capaz de manter o penhor
a seu favor, sem reduzir a velocidade de seu passo. Realmente, não
cometa nenhum erro, quem sempre entra neste mundo faz uma aliança com
Satã, e até certo ponto se submete à sua lei. Satã não é diferente do
grande adversário cujo nome é "densidade". Por podemos dizer que todo
ser que nasce nesta Terra veste um capote pesado que pesa no seu
progresso. A encarnação de um Avatar seria um sofrimento insuportável se
a energia primária dele não fosse de amor incomensurável. "Imagine
por um momento Irmãos, que a consciência, a razão, o testamento de cada
um, em um mundo onde sua alma venha a ser inserida de repente dentro do
corpo de um animal. Imagine as coisas que você já não pôde fazer. Os
pensamentos que você já não pode expressar completamente. Assim, por
analogia, alguns que são humildes admitirão que há muita diferença entre
o Mestre (Jesus) e eles, como eles estão entre si e os animais. Jesus
dominar a alma que não nasceu deste mundo, isto podemos entender. Voou
junto com outros, de Ishtar (Vênus), há muito tempo, quando as criaturas
desta Terra perderam um momento decisivo na evolução. A evolução é,
não obstante, uma parte da mesma onda de vida que nos criou, quando
emanando do Pai deste universo. A verdade é que alguns alunos são mais
rápidos que outros. Alguns preferem permanecer crianças em vez de se
tornarem os adultos, até mesmo ao ponto de recusarem abrir as portas da
ilusão em que se mantêm fechados. "Assim pode ser somado para cima a
aventura, o drama no qual são chamadas as crianças desta Terra para agir.
Irmãos… a dificuldade começa quando certas crianças destas assumem
poderes que deveriam ser reservados para adultos". “Nós reacendemos o
fogo, e como Menathon entrou em um silêncio longo nós pensamos que ele
tinha terminado sua tarefa. Então fizemos bruscamente uma pergunta, uma
pergunta ingênua talvez, mas uma que tínhamos virando tudo
indubitavelmente sobre nossos corações”. "Irmão, nós deveríamos
seguir o Mestre Jesus agora, para que você diga que ele é o único que
está nesta Terra iluminando todos os sete abajures internos de
consciência e além?". "Você vê claramente nisto", Manethon respondeu,
"mas não é o Mestre Jesus que você seguirá. Este Mestre é agora
adormecido, da mesma maneira que Joseph (o nome de Jesus quando ele era
uma criança) um dia enfraqueceu longe desta realidade. Não é só o Cristo
que você escutará, mas o Espírito Solar do Logos de nosso universo, Ele
quem, isto muito de manhã ante seus próprios olhos, investiu o corpo de
Jesus-Cristo. Você entendeu isto? Você realmente entendeu a importância
destes momentos, quando todos nós bebemos da mesma xícara de alegria ?".
"Manethon estava novamente durante algum tempo quieto, e o silêncio
perdurou sobre de nós como se todos nós procurássemos nossas
profundidades íntimas. Alguns olhos fitaram nas brasas ardendo, outros
estavam fechados, ombros afundaram nas dobras dos capotes. Qual foi o
significado de tal fórmula? As Escrituras falam de Cristo, que ungiu as
pessoas… e afinal nós pensamos, entendemos que este era Joseph, nem
mesmo a quem pudéssemos chamar de Jesus. E agora nós temos condições de
vir a ter com o Logos! Manethon falou novamente, dando ênfase a cada
sílaba, como se a gravar palavras chaves em nossas recordações.
"Cristo é um ser diferente do Mestre Jesus… o Cristo é o mestre mais
avançado de uma outra onda inteira de vida, emitida pelo Pai, antes da
nossa própria. Ele é o regente de nosso universo, o homem realizado, tão
luminoso, assim ele teve que se purificar para entrar diretamente em
matéria densa, ou criaria cataclismos. Como Logos, os átomos do ser dele
poderiam pulverizar o nosso próprio pela rapidez da sua dança. 'Micael'
é a transcrição terrestre do seu nome cósmico. Mantenha isto em seus
corações porque nós temos que evitar enfeitar com jóias para não ser
reconhecido. Esta é uma das regras fundamentais da nossa Fraternidade,
não esqueça. Este nome, Micael, com o qual Cristo foi dotado, agora pode
ser pronunciado e elevado para o alto. Lembre-se dos exercícios para
praticar em voz suave, tão queridos dos Essênios. A primeira sílaba do
nome dele, mi, é a base vibratória dos exercícios. O que nossos corações
ouvem em mi é a segunda vibração da triplicidade do Sem nome. Esta é a
mesma flexão da respiração da criação. Esta é uma das forças que o unem
a nós, e também uma das forças que teremos que compartilhar com outros.
"Assim, como você agora entende, só a perfeição dos veículos do
Mestre Jesus ' poderiam o ter habilitado e ser investido da presença
continuada do Cristo e dos Logos. Desde esta manhã, meus Irmãos, três
grandes seres estão vivos em um único corpo, o três que radia no
primeiro dois, de tal modo que lhes dá poder ilimitado, uma capacidade
de amor que fluirá em nós como mil fluxos...”.
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